Eu Fêmea é um solo curto para uma atriz, uma performance física que decorre dentro de uma estrutura alusiva a um Peep Show. Limitado a 20 espetadores, munidos de auriculares e inseridos em cabines individuais, o espetáculo assume um caráter particularmente intimista. A atriz, fechada no interior do cenário circular, não tem qualquer contato físico ou visual com o público.

De registo poético, com uma narrativa de inspiração iconográfica e uma linguagem contemporânea, assente nas narrativas do corpo, “Eu Fêmea” reflete sobre a invisibilidade da mulher ao longo do tempo, e a herança histórica e cultural, física e espiritual, que habita hoje o ser feminino. O que é que permanece desse passado e o que é que resiste e se transforma? Que sujeito ou subjetividade existe fora da História e da linguagem, da cultura e das relações de poder?

Em Eu Fêmea um corpo transmuta-se noutros corpos. Do coletivo ao uno, do velado ao descoberto, numa trajetória que assinala, entre outros, o divino, o maternal, o animal e o proscrito, a submissão e a rebeldia, entre Eva e Lilith , Maria e Maria Madalena, uma mulher em busca de equilíbrio e afirmação desvela-se, libertando-se gradualmente das diferentes camadas que a encobriram, invisibilizaram e submeteram, ao longo da História.

O que é ser mulher, hoje? O que é o feminino e que corpo o define?
Desde a emancipação, que liberdade?

Criação e Direção Julieta Aurora Santos Interpretação e Assistência de Dramaturgia Patrícia Andrade Cenografia Design e Construção, Luís Mendes Santos Construção, Luís Santos, Luís João Mosteias, Sérgio Vieira, Carlos Campos Figurinos e Adereços Adriana Freitas Música Tiago Inuit Desenho de Luz Ivo Vieira Fotografia de Cena e Vídeo João Versos Roldão Co-Produção Imaginarius 2022