NUMB
NUMB (entorpecido, apático) é um espetáculo de rua multimédia e multidisciplinar, assente numa estrutura cénica de grande escala, com recurso a video mapping e a disciplinas como o teatro físico e a acrobacia aérea (em instrumentos não convencionais). O elenco, também multidisciplinar, combina atores com bailarinos e acrobatas.
Esta criação tem como matéria de reflexão e ponto de partida a apatia social, vista como um vírus, algo que parece aniquilar a humanidade como hoje a entendemos. O espetáculo coloca-nos diante da dormência e indiferença generalizada, numa espécie de armadilha mental, sem passado nem futuro, um permanente inferno do igual, que nos encerra em múltiplas e repetidas percepções de uma realidade, da qual, aparentemente, não se consegue escapar.
Conceito, Encenação e Dramaturgia Julieta Aurora Santos
Cast Carlos Campos, Douglas Melo, Lia Vilão, Luis João Mosteias, Sofia Santos Direção Movimento Félix Lozano Scenography Luís Santos Soundtrack Tiago Inuit Vídeo Mapping Oskar&Gaspar Light Design Ivo Vieira Costumes and Props Adriana Freitas Assistência Encenação Fábio Constantino Produção Executiva Roberta Marques Financial and Management Direction Sónia Custódio Production Direction Frederico Salvador
Uma profunda indiferença por excesso de informação, saturação e isolamento, toma-nos a todos, identificando-se hoje como uma espécie de «anemia emocional».
Viral, a apatia transforma-nos, cada vez mais, em seres inertes. A dispersão desconetou-nos afetivamente uns dos outros, tornando-nos mais solitários do que nunca. Vive-se o efémero, o absolutamente transitório, a imitação. A apatia que toma conta progressivamente do ser humano, corresponde à velocidade e excesso de informação que estimulam um estado de indiferença generalizada – mesmo com os atos de maior violência e injustiça – e intolerância para com a diferença. É o inferno do igual.
As múltiplas perceções da realidade num só lugar, a realidade subjetiva (interna) e a realidade objetiva (externa), as distorções e ilusões de ótica, buscam também questionar as nossas noções de espaço individual e coletivo, assim como as estruturas e limites do pensamento.
Em NUMB reflete-se sobre as causas da apatia e dormência social e o espetáculo coloca-nos sobretudo diante das suas consequências: um espelho da realidade contemporânea quotidiana, uma espécie de armadilha mental que Limita os horizontes e tolda a ação tornando, gradualmente, e entre outros, o corpo inútil.